Contaminados

      


      Felizes são os bebês que ainda não sabem mexer em um celular, mas não escaparão tão cedo. Que lástima! Que grande aberração, quando todos os dias vemos pessoas mais curvadas que o Corcunda de Notre Dame, com olhos estáticos, fixos em uma tela de 5,8 polegadas. E aí de você falar que isso é esquisito! É super normal, hoje em dia, parecer um usuário de entorpecentes durante 24 horas.

Ah! Mas é só um celular, e está tudo bem! Quem dera se o problema fosse apenas isso. É falta de amor, falta de zelo, é egoísmo, é murmuração. Não se engane: você e eu somos assim também. Hoje, eu falo: “Irei mudar!”. Amanhã, levanto e penso: “O que tenho para fazer hoje mesmo?”. Hipócrita! Complicamos o que deveria ser fácil, e, por isso, quão grande é a derrota interior.

            Certa vez, após uma confissão, jurei de pé junto estar curada. Doce ilusão que alimentei por duas semanas. Algum boçal há de dizer: “Confissão não serve pra nada mesmo, viu?”. E nós responderemos bem alto: “Sou eu que não presto!”. Não ligue se isso acontecer; para essas pessoas, é idiotice lutar contra nós mesmos.

            Em uma tarde em casa, expliquei à minha mãe os malefícios das redes sociais e tudo o que envolve a internet, além de como era a vida antes. Ela concordou comigo. Falei na esperança de que ela largasse o seu mais novo xodó... e eu? Dois minutos depois, estava fazendo a mesma coisa que havia condenado. É... o meu fracasso tem sabor de fel!

E a vida? Tem se tornado uma grande competição entre telas e viver. De qual lado estaremos quando tudo virar pó? Pessoas contaminadas... ops, quer dizer, pessoas conectadas. Essas estão a um passo de esquecerem quem são! Uma tentativa de se encaixar; o plot twist é que não existe quebra-cabeça. Vazio. Infeliz. Os likes tornaram-se os abraços, e estes são raros, quase não existem mais. E, se existem, por favor, me diz onde estão.

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